quarta-feira, 27 de julho de 2011

CHAPTER 11: Desabafo

Pausa para o vício... 04h48 (primeira do dia)

Hoje não consigo pensar... a dor é muito grande para conseguir raciocinar... a falta de sono ainda não me fez perder a noção do tempo, infelizmente... recorro a velhos vícios para amenizar o sentimento que às vezes bate de precisar fazer algo... a garrafa de vinho que estava guardada não esperou mais e agora é uma triste lembrança vazia na pia...

O frio que vem da janela, meu refúgio, junto com meu velho vício, tento descobrir o que são meus pensamentos e o que são meus sentimentos, agora parecem ser uma só coisa nos antigos rituais desse meu velho vício... nele procuro algo, não é uma solução que eu quero, não é uma resposta nem uma direção... por que é tão difícil fazer afirmativas quando você precisa agir? Eu poderia continuar aqui, passando frio, olhando o céu entre os prédios esperando, e esperando, e esperando que esse sentimento ruim passe... o dia não passa, o céu muda de cor mas eu não vejo nada mudar... esse sentimento de estagnação, de que a casa caiu e você nem viu que isso iria acontecer sendo que todos os sinais estavam lá... era uma aventura, apenas uma aventura, e eu não quis ver, no meio do jogo achei que eu era diferente e por um momento esqueci que apesar do nome, eu não faço parte do conto de fadas e que a realidade quando cai, machuca mais do que se pode agüentar naquele momento.

Por que nessas horas a gente não percebe que no jogo, a chuva não cai só na cabeça de um? De repente entendo as músicas de Amy Winehouse a ponto de conseguir ver as minhas atitudes em suas letras... you go all back to her, and I go back to Black!

Pausa para o vício... 7h21 (segunda pausa do dia)

Sabe aqueles dias em que mesmo aquele doce convidativo que você vê na sua frente te dá ânsia? Que você não consegue pensar, muito menos sequer ver comida que seu estômago e a necessidade de sair correndo é incontrolável? Esse dia já dura quase duas semanas... sinto minhas calças mais largas na cintura e nas pernas, e está num ponto visível onde todos acham lindo que você esteja emagrecendo... aí vem aquele sorriso quebrado e o pensamento “será que ninguém consegue ver o que está acontecendo de verdade?” Ou eu sou uma ótima atriz que está desperdiçando o talento ou escondo muito bem meus sentimentos...

Eu tentei mostrar o quanto estava machucada, chorei noites e noites a dor que sentia porque não conseguia mais guardar para mim... cheguei no meu limite e o medo de perder fez com que eu continuasse... eu disse que o meu erro foi ter deixado meu medo vencer, mas na verdade errei ao achar que não era a maioria, que eu era tão especial que eu seria a mais bela das exceções... eis a prova de que toda mulher quando fica cega, também fica burra!

As lembranças materiais estão se tornando insuportáveis... mesmo depois de ter empacotado todo, só de saber que ainda estão aqui, só me faz sofrer ainda mais. Pausa para empacotar ainda mais as coisas (dessa vez pausa sem vício)

Eu já fui em uma cartomante em São Vicente e uma cigana me parou em Osasco para ler a minha mão... as duas me disseram a mesma coisa “você veio para aprender sobre traição... você tem uma grande força”... eu grito agora ou depois?!?!

Por um momento consigo pensar no futuro... e que merda, só consigo pensar no fato de ir trabalhar e na possibilidade de te ver... acho que não iria agüentar isso nesses primeiros dias... ver, saber a realidade e ter que encarar como se estivesse tudo certo... você ainda está na fase de contar quem cometeu mais erros, e eu to na fase de respirar fundo, olhar pro céu e me perguntar “Isso vai passar? Quando?”

Você me disse chorando uma vez “tenho medo de te perder”... acho que ali já era um sinal de que tinha algo muito errado... eu não quis ver porque tem tinha medo que isso fosse verdade.

Pausa para o vício... 09h57 (terceira pausa do dia)

Acabei de perceber mais um erro... eu escutei tudo o que você disse, mas eu não fiz a pergunta certa... sempre escutei você falando sobre o que você não sentia, mas esqueci ou não queria saber o que de fato você sentia com medo da realidade...antes tivesse feito isso, acho que teria me poupado!

Para as pessoas que gostam de histórias com detalhes... so sorry, já deu pra perceber que hoje não foi um desses dias... esse texto corresponde ao título... um desabafo das emoções que estou sentindo pra ver se respondo a pergunta dos céus... “Isso vai passar? Quando?”... talvez quando eu colocar meus sentimento pra fora com mais freqüência... cansei de chorar feridas que não se fecham e não se curam, essa abstinência uma hora vai passar...

Alice seguindo o coelho branco: não prometo, mas farei o máximo para que este seja o último texto sobre você...