domingo, 24 de outubro de 2010

CHAPTER 6: de cara limpa

Durante a semana temos nossa rotina, acordar cedo para trabalhar, tomar banho e dar aquela viajada básica de 15 minutos onde você pensa várias coisas para o seu dia ou semana que nem sempre você acaba fazendo, começar a fazer uma maquiagem básica, escolher uma roupa social para ir ao escritório, terminar a maquiagem conforme as cores da roupa, pegar o mp4 com o setlist especial para enfrentar o trânsito de SP e mergulhar nas tarefas até às 17h. Aí fazemos o mesmo processo no reverse; voltamos pra casa, tiramos a maquiagem, tomamos aquele banho pra encerrar o dia, fazemos a janta, fazemos uma tarefa ou outra e depois dormir para começar tudo de novo.
Durante o final de semana volto para Santos e a rotina dá uma mudada, pois é final de semana e ainda por cima na casa dos pais, então algumas mordomias voltam para o cotidiano como louça lavada, roupinha limpa passada sem contar que a geladeira dos nossos pais está sempre cheia (não sei que mágica é essa que meus pais fazem mas sempre tem comida lá, ao contrário da minha geladeirinha). Uma das vantagens de se trabalhar em SP e aos finais de semana ficar em Santos é a sensação de estar desconectada da semana, você tem um divisor de águas e consegue separar bem o que deve acontecer no final de semana e o que deve ficar durante a semana.
Em uma dessas passeadas por Santos sempre encontramos alguém conhecido, e é nessas que reencontramos pessoas do nosso dia a dia e algumas que já fizeram parte dele. Quando reencontramos amigos de infância ou adolescência além de vir aquele momento nostalgia como lembranças de um tempo em que minhas preocupações era em passar na prova de matemática 2, ou então chegar em casa a tempo para ver o programa favorito da época, ou saber se tal menino também estava afim também de você... e com esses reencontros acabam surgindo questionamentos  com aquelas famosas e clássicas perguntas do tipo “ainda está morando naquele mesmo apê?” “você está trabalhando aonde?” “lembro que você queria fazer tal coisa, acabou fazendo?” “E ai, ta namorando? NÃO COMO ASSIM? Você é bonita, por que está solteira?” ” e agora, o que você pretende fazer?”.... Pior do que essa última pergunta somente aquela que nossos pais fazem quando não te agüentam mais como “e ai, o que você quer da vida?”
Além de ter reencontrado uns amigos da época de escola (aliás um beijo enorme pro pessoal que está em Campinas) algumas amigas e até a entrevistadora da minha pós me fizeram a mesma pergunta “o que você quer para o seu futuro?”... Vocês não poderiam ter começado a minha semana com perguntinhas mais fáceis não né?!
Ninguém gosta de sair da sua zona de conforto, mas perceber que estou nela me deixa irrequieta! E o pior não foi ficar com esse desassossego aflorado, o pior da situação foi perceber que eu sei muito bem o que eu quero em determinadas situações e em outros apenas saber o que eu não quero... então tentando responder a pergunta... Na minha vida profissional fiz várias conquistas estou muito bem, quero ficar onde estou e adquirir mais conhecimentos, vida pessoal quero ver se no ano que vem consigo mudar de apê, quero voltar a fazer minha pós graduação, finalmente ir viajar para a Oktobeerfest... agora vem a série das temidas negativas...
Quando você está solteira por um tempo as pessoas tendem a questionar o porque... aí de novo venho com as frases negativas... não quero mais namorar e ficar trancafiada dentro de casa sábados a noite assistindo zorra total, não quero mais ter que ficar ensinando que não se deve colocar o pé no sofá e que é falta de educação brigar na frente dos amigos, não quero um cara que olhe para a minha cara e pergunte porque não fiz o café da manhã dele sendo que estávamos viajando em férias, não quero isso, não quero aquilo... mas fazer uma única afirmação foi mais difícil do que resolver um maldito de binômio de Newton... :s
Um dos melhores motivos que gosto tanto de voltar para Santos na casa dos meus pais, além de estar com a família e com os amigos por perto, é que eu tenho a chance de deixar para traz as minhas preocupações diárias e me focar em outras coisas, como por exemplo, perguntinhas difíceis que me fizeram perder algumas noites de sono... não pela pergunta em si, mas porque eu fui realmente tentar responde e percebi algo muito grave, eu só sabia responder o que eu não queria pra mim... um dos melhores momentos do meu final de semana não é me arrumar, sair com os amigos, e sim acordar com meu blusão do Snoopy sem aquelas roupas de gente grande responsável, tirar toda a maquiagem e ficar de cara limpa, ficar na minha cama ouvindo música alta como se eu tivesse novamente os meus quinzes anos quando eu não tinha as preocupações de hoje e voltar aquele pretérito onde eu ainda acreditava em conto de fadas... é foi exatamente neste momento que eu consegui fazer as minhas afirmações que estavam me deixando tão irrequieta... como a maioria das pessoas, quero conquistar realização profissional, quero ter as minhas conquistas materiais como casa e um carro, visitar lugares que devem ser fantásticos e quero também encontrar alguém que me faça voltar a acreditar que certos momentos de nossas vidas podem sim ser contos de fadas, ou seja, o reverse, ser conquistada! Saber que quando eu mais precisar terei aquela pessoa do meu lado que mesmo não sabendo como agir irá apenas estar ali e me trazer segurança de que as coisas podem sim dar certo, ser surpreendida com pequenas ações, saber que aquela pessoa estará no final do dia e sentir que estamos num mundo só nosso... e também proporcionar tudo isso para a mesma pessoa... agora só falta um pequeno detalhe, não ser mais tão cuidadosa e ver que tem um mundo afora me esperando!
Quando nos vemos em situações complicadas, basta voltar para o básico... É, Brand New Eyes are coming sooner then I thought... I was born to run, but not to hide!
Alice seguindo o coelho branco: de cara limpa: blusão do Snoopy, enrolada na mantinha rosa e com meu par de meias cinzas